11 março, 2024

Portugal

 Portugal


Deste-me um abril cheio de sonhos

agarrei-o e guardei-o no coração

ao fim de 48 anos ficam despojos

e voltamos aos tempos da escuridão


Fruto da vassalagem da canalha

que comanda a comunicaçao

que confunde, mente a baralha

a verdade,  com a sua opinião


fiquei com os cravos secos na mão

mas sem nunca perder a esperança

estou certo que outra revolução

devolverá o amor e a confiança


por mais que sequem os cravos

por mais que fuzilem a razão

nova primavera irá nascer 


do legado dos nossos avós

que nos entregaram na mão

e não mais irá perecer


Miro Couto 11-03-2024


27 fevereiro, 2024

Dolência

 Dolência

Na tua mão que estava fria
colei-a ao meu peito com fervor
do gesto de carinho que pedia
fez nascer em mim um grande amor
dos tempos que passamos mais felizes
recordo aqueles dias de ternura
dois corpos entrelaçados sem juizes
que pudessem provocar a desventura
mas amargura que vive noutros peitos
em corações perdidos sem amor
sem entenderem do que somos feitos
proíbem a paixão, semeiam dor
resiste essa dolência amargurada
no peito de quem tanto se doou
mas quando uma pessoa foi amada
ficará sempre guardada em quem amou
(em modo de fado)
Miro Couto
27-02-2024

09 novembro, 2023

Tenho Saudades

 Tenho saudades

Tenho saudades de te ter no meu regaço
enquanto repousavas a tua alma confiante
como se tivesse asas que envolvessem o teu espaço
e tu tivesses sentido todo o amor que a alma sente
Tenho saudades de te proteger do mundo
deste mundo de ódio, cruel, vingativo e de dor
que está podre, ganancioso, egoísta e imundo
sem prespectivas de se vir a tornar de amor
gostava de sentir que o meu peito te acolhe
como refúgio sagrado que protege e segura
numa confiança eterna que ninguém tolhe
enchendo o meu peito de amor e ternura
queria tanto, mas mesmo tanto a paz
de saber que nada faltará para viver
e esse é o sonho que a minha alma trás
confiante que um dia haveremos de ter
Miro Couto
09-11-2023

02 setembro, 2023

Não sei se me apetece

 Não sei se me apetece


Entre o ir e o voltar á um infinito de emoções

Sei lá o que fazer para nao ter contradições.

Não estou pleno em mim nem me sinto solto

nem sei quando á liberdade de mim volto


não me apetece engolir a alma ardente

e quando recordo o tempo em que ja fui "gente"

massacro os sentimentos sem piedade

e rebenta o lugar onde mora a saudade


Não sei que rumo definir ou escolher

porque todos acabam por ir bater

à mesma solução de sonhos adiados

por mais que lhes dê tantos cuidados


Não tenho porta ou via que dê saída

só me resta a esperança da terra prometida

neste vaguear em que a mente me acode

e nesta mudança esperada só Deus pode


Miro Couto

02-09-2023

31 agosto, 2023

Efemero

 Efemero

Dei-te o meu colo com amor
neste embaraço sem norte
em que a tua vida descambou
Só quem sofre sabe o valor
de alguém que suporte
a dor forte que nos abalou
A sofreguidão de ver mudanças
para que a normalidade se instale
não compreende as distâncias
do tempo e do amor que nos vale
Quanta mágoa exasperada
quanta pressão fúngica
que entra desamparada
mas com precisão cirúgica
e o tempo que tudo corrige
não com a pressa que queremos
liberta a alma que se aflige
com a volta da paz vivemos
E esse colo distante, amoroso
que foi ponto de acalento
esquece-se, e sem remorso
será levado pelo vento
Miro Couto
31-08-2023

03 agosto, 2023

Não percam mais

 Nao percam mais

Foram tantas as dores suportadas
entre raiva, lamento e muita dor
foram tantos torturados só por ter opinião
quantas vidas foram ceifadas
por homens que fedem a bolor
religiosos sem sangue no coração
em nome dos que lutaram
para conquistar a liberdade
em nome dos que pereceram
cheios de amor e bondade
não desistam de ser humanos
de partilhar emoções e amor
não permitam os enganos
de gente que não sabe o que é o suor
e com actos de coragem
validem por quem morreu
criem uma nova cofragem
dum abril que se perdeu
e corram com os canalhas
das camorras de servidão
removendo essas tralhas
para haver mais paz e pão
Miro Couto
19-07-2023
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Saltitando

 Saltitando

A pular e a saltar
saltei do porto a almada
em nome da amizade
que anda sempre
de mão dada
E vai para a frente
E volta atrás
que a minha gente
é de amor que se faz
acostei pela charneca
para dar voz aos meus putos
e bebi uma bjeka
sem palavras de insultos
E vai para a frente
E volta atrás
que a minha gente
é de amor que se faz
que no meu porto amado
as palavras nao são más
são aquilo que é fado
parecem insultos mas são sâs
E vai para a frente
E volta atrás
que a minha gente
é de amor que se faz
E de salto em saltinho
la fui parar a Cacilhas
onde encontrei um filhote
a que hoje chamo Guilhas
E vai para a frente
E volta atrás
que a minha gente
é de amor que se faz
e a alma cheia trago
a saltar de novo acima
na minha terra carago
é o palavrão que anima
E vai para a frente
E volta atrás
que a minha gente
é de amor que se faz
Miro Couto
02-08-2023

Raios os parta

 Raios os parta


Parte de partir ou de rachar

porque se parte                              ~ Bis

a nossa vida toda a trabalhar


E quem não parte

desta terra de enfarte

com fedor bolrento

de negócios de cimento


não vive, nem respira

porque vive uma mentira

que qum trabalha pode ter

o pão para poder sobreviver


Parte de partir ou de rachar

porque se parte                              ~ Bis

a nossa vida toda a trabalhar


e quem o pouco reparte

nesta vida que esturro

logo é chamado de burro

ou então que não tem arte


e neste mundo perverso

que está virado ao avesso

ate pessoas com terço

funcionam ao inverso


Parte de partir ou de rachar

porque se parte                              ~ Bis

a nossa vida toda a trabalhar


Miro Couto

03-08-2023

24 julho, 2023

Procurei

 Procurei


Procurei por ti

não te encontrei

o resto que ficou

é uma memória singela

de uma personalidade

que alguém como eu 

te inventou


Por idealismo do amor

não sei 

talvez mais pelo desejo

de encontrar a paz 

de encontrar o conforto

na pele de alguém 

que um dia foi

e sem saber a razão

um dia deixou de ser.


Miro Couto

24-07-2023

14 julho, 2023

Apóstolo com fé

 Apóstolo com fé


Sinto-me um barco atracado
à espera que a maré fique cheia
com meio corpo enlameado
envolto numa enorme teia

Sinto a prisão que sem grades
não me permite mexer
nem passar algumas tardes
com quem me daria prazer

sinto o corpo bem pesado
como se carregasse uma cruz
uma vida que é mais um fado
cantado com pouca luz

Quantas vidas em desalinho
precisam de ouvir alento
esperando que o sofrimento
com uma varinha de magia
desapareça num só dia
ou num toque de mindinho

e nessa impotência real
de ter o poder de mudar
um deserto de emoções
quando só dois corações
se deveriam bem amparar
porque isso é o amor afinal

Miro Couto
09-07-2023

Sabes amor

 Sabes amor

Sabes amor
Tu és importante para mim
não é encanto fantasioso que me acolhe
mas o charme dos carinhos e afectos que possuis
sabes amor
tu és importante para mim
porque eu te dou essa importância
pelo bem que me fazes e aos nossos
pelo fervor com que te dedicas
pela paciência que cultivas
e o sorriso bem disposto que cativas
Sabes amor
se assim não fora
nenhuma importância terias
nenhum afago merecerias
nem a tua ausência se sentiria
Mas sabes amor
Fica sempre assim
dolente, meigo e carinhoso
e no tempo em que vivermos
possamos dar as mãos
vencer o agreste que nos magoa
e sermos amantes por tempo indefinido
Sabes amor
Eu quero sentir o teu peito no meu
florir a vida num qualquer recanto
e que o amor, seja sempre o nosso encanto
Miro Couto
13-07-2023

16 junho, 2023

Somos Livres

 Somos livres


Não, não há só uma primavera em cada vida.

Haverá sempre primavera quando se muda a curva

Quando tomamos as rédeas da alma perdida

mudando os carris e o rumo daquilo que nos turva 


Haverá sempre um novo florescer matinal

como todos os dias se nasce de esperança

e nada nos pode colocar um ponto final

no desejo de ser feliz como uma criança


Haverá sempre que mover vontades

limpar as arestas que nos magoam

os picos que molestam em todas as idades

e dar lugar aos sonhos que voam


Não somos prisioneiros de lugares nem nada

somos seres que nasceram livres e selvagens

não há grades que nos possam manter calada

a vontade, que o amor é sempre feito de viagens


Não, não somos seres amarrados ao conceito

não somos parte interessada num tormento

somos liberdade e mesmo sem amor perfeito

somos a felicidade que carregamos no pensamento


Miro Couto

16-06-2023

14 junho, 2023

Paz

 PAZ

Queria que te pudesses chamar paz
e que de branco te vestirias
queria tanto que fosses capaz
de calar as armas, pois podias
pudesse eu mandar nesses barões
que da guerra fazem seu dinheiro
o lugar deles é nas prisões
espalhadas pelo mundo inteiro
mas cabe a mim, a ti e a nós
parar a guerra e desatar os nós
que tanta morte e sangue espalha
fica o mundo sem pais e sem avós
sem lar, com fome e todos sós
e outros embrulhados em mortalha
Dá as mãos companheiro dá as mãos
para fazer a muralha da amizade
não há povos maus, somos irmãos
Não permitam que ocultem a verdade.
e de mãos juntas com amor e paz
não sobram braços para pegar nas armas
e o amor faz que sobrem braços
para apenas pegar em quem amas
Miro Couto
05-06-2023

Estou cansado de palavras

 Estou cansado de palavras


Tentam com palavras perfumadas

dizer o que o coração deseja ouvir

cada vez acrescentam camadas

nas mentiras que nos fazem sentir


Falam de Jesus, de Gandhi e Mandela

Falam de todos aqueles que enobrecem

fazem fotos e até mostram em tela

das promessas que eles se esquecem


Estou cansado do trautear melenas

dessa gente sem coluna vertebral

adoram mostrar-se em em muitas cenas

e não valem o ranho de um caracol


Não me chegam palavras, quero acções

e que mudem para sempre os guiões

de mentira obescena, sem humanidade

quero exemplos, limpos e sérios com verdade


Miro Couto

14-06-2023

14 maio, 2023

Cantiga da fome

 Cantiga da fome

Cantei a alma da gente
a alma da casa
com o peito ardente
com a voz em brasa
e fisguei um rio de vida
numa dor sentida
com humilhação
e vi a fome esculpida
a face emagrecida
de não haver pão
cantei em forma de guerra
pela dor que me encerra
de humanos vivos sem lar
são bravos que morrem a lutar
e grito do silêncio que aperta
esta dor que inquieta
de ter de pensar
se há em nós porta aberta
de quanto é incerta
no mundo a fome acabar
Miro Couto
13-05-2023

09 maio, 2023

TU

 Tu


Tu, que vieste da morte para uma nova vida

Que aprendeste e que a cada ano somas conhecimento

Que por mérito conseguiste estudar e alcançar uma licenciatura

Que te fez chegar ao topo que a academia te permitiu


TU, a partir desse momento 

Sejas professor, médico, engenheiro

Quimico, arquitecto, enfermeiro

Advogado, Juiz, deputado no parlamento


Presidente de junta, de camara, vereador

Presidente do parlamento, ou acessor

Primeiro ministro, Presidente da Republica


Ou até presidente das Nacoes Unidas

Ou das lembranças perdidas

Ou até profissão pública 


Tu, se nada fizeste pela humanidade

Se não acabaste com a dôr e sofimento

Se te aproveitaste dos homens, sem piedade


Para subires a lugares de comando da nação 

E nada fizeste pelo poder do voto que herda

Tu, meu irmão,  ainda vales menos que merda!


Miro Couto  

27-04-2023

Acordo em mim

 Acordo em mim

Acordo à noite
Como se fosse uma criança
Fustigado pelo açoite
Do silêncio da esperança
Com silvos doces do vento
Olhando ao luar risonho
Deixo a alma num lamento
Presa ao meu maior sonho
E sorrio
Como se falasse para mim
Deixo o pensamento fluir como um rio
Rebento o amor que há em mim
Percebo a madrugada
Como se estivesse presa nos teus seios
E a luz da alvorada
Penetra em mim como esteios
Qual firmamento de imensa cor
Que fortalece e me leva a acreditar
Que sempre vencerá o amor
Por muito que possa tardar
9-05-2023

17 fevereiro, 2023

A ansiedade do sonho

 Se queres que o tempo passe devagar, não sonhes, o tédio faz esse trabalho na perfeição.

12 fevereiro, 2023

Mundo em fim de tempo

Mundo em fim de tempo


Esta cansaço que nos limita

Esta agonia que parece infinita

Esta dor  pesada que nos irrita

Esta humanidade onde o amor não habita


este fustigado sentido da desgraça

que nos oprime, que rasga a carapaça

esta dormência colectiva que não passa

este sentimento de sermos apenas caça


este rio de dores que não desagua

esta morte lenta de quem pactua

esta podridão colectiva que não mingua

esta desilusão de quem não actua


Desgasta, corrompe, esmaga, destrói

e um dia tudo aquilo que nos dói

servirá de alento à revolta que se constrói


como misseis que à nossa porta rebentam

e depois todos dirão que lamentam

enquanto outros, parados contemplam.


Miro Couto

12-02-2023

30 janeiro, 2023

Num dia de primavera

 Num dia de primavera

Ali bem perto o cheiro a mar
fazia sentir a eternidade plena
sem que te esperasse dar
o amor e amizade eterna
Dei-te um beijo
com o perfume que o amor carregava
com satisfação coraste embriagada
pela satisfação que te causava
sorriste envergonhada
como se tivesses roubado um rebuçado
e alegre saiste com a firmeza sentida
do que a vida agora te haveria dado
fingiste não te sentir amada
e confusa pelo que desconhecias
nunca tinhas sido apanhada
por amor como querias
descobriste a sensação que era nova
que assaltou o teu peito, a tua alma
rasgou o peito e pôs-te à prova
de amar alguém sem bens, sem fama
mas foi mais forte o destino
que te quebrou e venceu
em vez de um amor mais fino
a alma, alguém ta corrompeu
Miro Couto
30-01-2023

06 janeiro, 2023

Inverno junto ao mar

 Inverno junto ao mar

O sol, entra timido no ar gelado
lentamente consegue sorrir
os seus raios tocam a janela de lado
e aquecem o olhar que está a assistir
a brisa do mar com aromas de iodo
invadem a casa que se renova o ar
do fumo que preencheu o espaço todo
num frio que se consegue aguentar
o silencio quebrado pelo som do mar
é a única voz que se ouve ao longe
a paz de ouvir os passaros chilrear
faz-me sentir como se fora um monge
e é nesta calma, nesta apatia serena
que recomponho a energia que falta
ficando ligado a origem de forma plena
num toque em que a fé fica em alta
Miro Couto
05-01-2023

03 janeiro, 2023

A Lareira

 A lareira

Que saudades deste odor
do calor de uma lareira
do crepitar, do fulgor
e de olhar para a fogueira
Quantas memórias passadas
que guardo da minha casa
quantas lágrimas largadas
de uma vida que me arrasa
Quanto amor se transparece
só de sentir esta chama
quantas partilhas que tece
as noites de conversa calma
E desta alegria que move
pela tristeza de outrora
seja a força que renove
a vontade de ir embora
02-01-23